sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Caminho para Cristo: Josias


O Pr. Jónatas Rafael Lopes iniciou uma nova série de mensagens a que chamou “Estrada para Cristo” no Antigo Testamento. O objetivo é mostrar que tudo, no Velho Testamento, aponta para a pessoa de Jesus, pelo que é perigoso fazermos  analogias entre as personagens e seus feitos heróicos e a nossa própria vida. Tendemos a pensar que a Bíblia é um livro de histórias de heróis, os quais devemos imitar a fim de sermos vitoriosos assim como eles o foram. Passamos a identificarmo-nos com determinada pessoa e o nosso foco passa a ser aquilo que poderemos obter da nossa vivência. Isto é, a nossa alegria passa a estar centrada nas bênçãos de Deus e não no Deus das bênçãos.

Assim, não devemos olhar para as histórias relatadas na Bíblia como algo que também sucederá na nossa vida, pois a Bíblia é um livro que aponta para Cristo e para o maravilhoso plano de reconciliação de Deus com a humanidade, consumado por Jesus na cruz.

Comecemos por analisar a vida do rei Josias e a forma como esta aponta para a pessoa de Cristo. Leiamos a história de Josias registada em II Reis 22 e 23. Eis o contexto social em que esta se insere:

Josias foi Rei de Judá (que resultou da divisão do Reino em Norte e Sul) de 629ac a 609ac. Josias era bisneto de Ezequias, que também foi rei de Judá (o 13º). Israel já tinha sido levado em cativeiro pelos Assírios e Samaria tinha sido tomada por eles.

O rei Ezequias, bisavô, procurou viver para Deus, destruindo mais uma vez todos os ídolos e procurando defender Judá da Assíria. O seu problema foi ter confiado no Egipto para assegurar a vitória sobre os ataques de que era alvo em vez de depositar toda a sua confiança no Senhor. Isso valeu-lhe uma severa repreensão do profeta Isaías.

Outro dos seus erros foi ter pedido ao Senhor mais 15 anos de vida, quando o profeta lhe disse que o seu tempo na terra terminara.

Deus acedeu ao seu pedido e concedeu-lhe esse tempo extra. Durante esse período, Ezequias fez amizade com o povo da Babilónia e recebeu-os no seu reino, contrariando assim a vontade do Senhor. Em consequência desse erro, o povo de Judá  experimentou mais um cativeiro. Vejamos como isso aonteceu:

Ezequias tem mais um filho – Manassés- que é  considerado um dos piores reis da história de Judá; o rei mais sanguinário de todos. A morte do seu próprio filho, que ele sacrificou ao deus Moloc é disso prova. Foi durante o reinado de Manassés que Judá adoptou todo o tipo de cultos a deuses estranhos  e mergulhou no Espiritismo.

Por causa deste reinado, o Senhor Deus prometeu que Judá seria julgado e levaria com a sua ira: mais um cativeiro. Isto mostra que os nossos pedidos podem ter consequências desastrosas!

Depois de Manassés, chega Amon, que morre dois anos após ter iniciado o seu reinado. Amon imitou o seu pai em tudo...

E neste ambiente que surge Josias, que é constituído rei com apenas 8 anos.

O livro de Crónicas refere que o Rei Josias procurou logo fazer reformas. Isto é, decidiu começar logo a alinhar o seu reino com a vontade de Deus. Josias mostra-se imediatamente preocupado com o Templo, pois este tinha sido desprezado durante muito tempo, desde 813ac. Ou seja, ao longo de mais ou menos  200 anos, não foram realizadas quaisquer obras de manutenção no Templo. Esta ausência de cuidado para com as coisas de Deus mostra que o povo se tinha afastado totalmente do Senhor.

Nos versículos  8 a 10, lemos que o sumo-sacerdote encontra o Livro da Lei e faz com que chegue até Josias. Ou seja, durante aproximadamente 200 anos, os sacerdotes fizeram o seu trabalho sem a Palavra de Deus*. Como é que é possível? Há quem sugira que a Palavra fora deixada de lado pois o contacto com ela punha em evidência o pecado presente nas suas vidas...

Aquele povo queria apenas as bênçãos e a proteção do Senhor. Não estavam dispostos a darem a sua vida em serviço a Deus.

Cristo é o melhor exemplo do que significa dar a vida por alguém. E, como“Aquele que diz que está nele, também deve andar como Ele andou” ( I João 2:6), será que estamos dispostos a imitar Jesus, dando a nossa vida em serviço a Deus? Ou estamos acomodados na nossa zona de conforto? Até que ponto servimos a Deus? Esateremos prontos para darmos a vida e a prescindirmos do nosso conforto por amor a Deus?

Por vezes, à semelhança do povo de Judá, também não sabemos onde está a nossa Bíblia... Oxalá percebamos a importância da leitura diária das Escrituras no nosso lar e da realização do culto doméstico.

Nos versos 11 a 13, vemos que, ao ouvir as Escrituras, o Rei Josias rasgou as suas vestes. Isto  revela  tristeza e pesar, mas também humildade. Ele reconhece assim que a sua posição (a mais alta do Reino) não tem qualquer valor. O rasgar das vestes era também sinal de reconhecimento do erro. Temos rasgado as nossas vestes perante Deus?

Josias compreendeu assim a razão do sofrimento do povo. As derrotas constantes eram consequência do afastamento de Deus. Não sabiam a importância de ouvir a Palavra, logo não a praticavam.

Entretanto,  perante a “ameaça” de um  novo cativeiro, Josias aconselha-se com a profetisa Hulda a fim de perceber melhor o que podia fazer para alterar o rumo.

Leiamos o verso 19 que mostra o resultado da atitude de arrependimento de Josias:

“O Senhor ouve as orações daqueles que se humilham perante Ele. E mais, Deus transmite paz a esses corações”.

Deus promete também a Josias que enquanto ele vivesse, o povo de Judá seria protegido da sua ira. Percebemos aqui também que mesmo quando os outros povos atacavam o povo de Deus, estavam sempre debaixo da Soberania de Deus.

Nada acontece que não seja da Sua vontade...

Há quanto tempo não nos humilhamos diante de Deus? Há quanto tempo não reconhecemos que nada somos perante Ele, ficando om o coração contrito?

É interessante notar que Josias não mudou a Palavra de Deus nem tentou encontrar abertura para o erro do povo, isto é, não tentou encontrar desculpas para os seus erros.

Vejamos, então, as reformas que ele fez:

No capítulo 23, vemos que ele renovou a aliança com o Senhor e leu as Escrituras em voz alta.

Como Rei, Josias disse ao povo que a obrigação de o seguir. Iremos depois perceber se o povo o seguiu de coração ou se o fez  apenas para cumprir as ordens do rei.

Josias destruiu e mandou queimar todos os ídolos e vestígios dos mesmos. Acabou com o crematório para que ninguém mais queimasse os seus filhos, uma prática comum naquele tempo.

Demoliu altares esantuários, aniquilou todo o tipo de espiritismo e tudo o que fosse dedicado a deuses, tantor em Judá como em Israel (Depois da morte do Rei da Assíria, Israel ficou ao abandono, pelo que Josias pôde ir para além dos limites de Judá). Ninguém o parava!

Levou, então, a cabo uma grande reforma... Como resultado, o povo voltou a celebrar a Páscoa, o que já não acontecia desde o tempo dos juízes. Isto evidencia a coragem de Josias, mas revela também a ingratidão do povo... Passaram 400 anos sem celebrarem a libertação da escravatura de que forma alvo no Egipto. Não somos nós assim também, tantas e tantas vezes? Pedimos muito, mas não rendemos ações de graça na mesma proporção...

A Josias sucedeu  um rei quase tão mau como Manassés, o Rei Jeoquim. Ele também leu a Lei, mas rasgou- a. (Notemos o contraste com a atitude de Josias).

O povo também voltou novamente às práticas antigas, pois as mudanças que fizeram não foram feitas de coração...

Por mais mudanças que possam existir,  se não formos transformados pela Palavra,  essas mudanças serão vãs...

II Coríntios 4:5 mostra que o nosso homem interior se renova a cada dia. Tem-se renovado? Tem buscado diariamente o Sennhor?

Na vida de Josias percebemos, então, o caminho para o Senhor Jesus. Toda a Bíblia aponta para Ele....

Uma interpretação errada deste texto poderia levar-nos a pensar que se fizermos todas as reformas necessárias na nossa vida, seremos vitoriosos em tudo. Ou seja, basta sermos como Josias...

A verdade é que este texto mostra que Josias aplacou a ira de Deus para com o povo,  mostrando assim o que o Messias iria fazer com a Ira de Deus.  Jesus, como Messias prometido, ao dar a Sua vida, levou sobre si a Ira de Deus que estava destinada a nós...

Josias abençoou com a sua vida. Jesus deu a Sua vida para nós termos vida. Logo, o nosso foco é Jesus, a nossa vida é Jesus.

As reformas de Josias são o sinal da santificação que um “Nascido de Deus” tem que realizar na sua vida.

Jesus veio dar àqueles que o Pai lhe deu (João 10) a maior mudança que pode haver . Ele veio dar vida àqueles que estavam espiritualmente mortos (Ef.2:1).

Não imitemos Josias com o objetivo de obtermos  de Deus aquilo que almejamos. Olhemos para ele como um exemplo do que é viver para Deus.

Que mudanças temos que realizar na nossa vida para que resplandeçamos a Glória de Deus?

 

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