Em Lucas 24:27 lê-se : E, começando por Moisés, e por todos os profetas,
explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras."
Este versículo mostra que Jesus fazia questão de explicar aos seus
discípulos os muitos textos da Bíblia de então que falavam de Si. Percebemos,
assim, que todo o Antigo Testamento aponta para Cristo. Ele deve ser o foco das
nossas vidas e o fim último de todas as coisas.
E Spurgeon, certa vez, disse: o “Antigo Testamento é a estrada para
Cristo”.
Vale a pena, então, procurar essa estrada... E, hoje, fazemo-lo através da vida do profeta
Elias... I Reis 17:1-7 é o texto que serve de base à mensagem.
O nome Elias significa “Já é Deus”. É uma forma abreviada da Palavra
“SENHOR” no Antigo Testamento. E o próprio nome vai de encontro ao seu
ministério: “O Senhor é Deus e não há outro”.
Elias nasceu em Gileade, numa cidade chamada Tisbe.
Certo dia, ao falar com o Rei Acab, rei de Israel, Elias prediz uma seca de
3 anos, extensiva a todo o reino.
Entretanto, o Senhor Deus encaminha-o para junto do ribeiro de Querite para
que bebesse daquela água. Deus disse ainda a Elias que enviaria corvos para que
estes lhe servissem de alimento.
Deus sempre sustenta os Seus filhos.
A seca severa faz com que a água do ribeiro termine e Deus ordena a Elias
que vá até Sarepta (I Reis 8:8-24).
Quando Deus é o bem supremo da nossa vida, percebemos que não há nada que
lhe escape. Ele cuida dos seus filhos como ninguém e este episódio é a prova
disso.
Deus, através de Elias, alimentou a viúva e o seu filho. Vemos aqui que a
mulher soube dar prioridade ao que era prioritário: o pedido do profeta de
Deus... Ela não hesitou em alimentar primeiro o profeta; só depois é que comeu
e deu comida ao seu filho.
A visão de Deus é uma visão de comunidade; Eledeseja que abençoemos os
outros em vez de vivermos isoladamente.
Há quanto tempo não abençoamos alguém com algo inesperado, mostrando assim
o amor de Deus?
Depois deste episódio, o filho da viúva morre. Esta mãe, em profundo
desespero por ter perdido o seu bem mais precioso, vai ter com Elias e diz-lhe não
entender a razão de Deus levar o seu filhinho.
À semelhança da viúva de Sarepta, muitas vezes, nós também demonstramos
falta de confiança em Deus ao sermos surpreendidos por um acontecimento
inesperado. Isto, mesmo depois de termos sido abençoados por Deus e de termos
sido alvo do Seu terno e amoroso cuidado.
Então, Elias ora a Deus pedindo que a Sua Glória se manifeste. Deus devolve
a vida ao menino, mostrando assim que continuava a ser com eles.
Passemos agora para o capítulo 18.
Em consequência da seca, que já durava há 3 anos, Samaria estava a ser devastada
pela fome... Então, o Senhor pede a Elias que diga ao rei Acab que vai mandar
chuva...
Elias “usa” o profeta Obadias para agendar um encontro com o rei. Obadias
tinha tido uma atitude muito graciosa. Ele correu riscos a fim de salvar uma
centena de profetas de Deus das mãos da rainha Jezabel (uma rainha de uma
malvadez extrema, a mais hedionda que Israel já havia conhecido).
Assim, Elias diz a Obadias que quer falar com Acab, que andava há muito
tempo à sua procura.
Obadias hesita em promover o encontro com receio que Elias não
compareça e venha a ser alvo da ira do
rei Acab. Obadias reforça a sua argumentação com o que já fez em prol dos
profetas de Deus. Elais tranquiliza-se e
o encontro acontece.
Acab, que estava completamente cego para as questões espirituais, atribui a
Elias e às suas profecias a culpa da fome extrema que assolava a nação.
Quando estamos no erro, não temos a percepção do quanto ferimos a Deus por
causa do nosso pecado. Elias diz-lhe precisamente isso. E, querendo mostrar-lhe
que o verdadeiro Deus de Israel é Javé, ou seja, o único caminho para a
Salvação. É então que acontece um episódio sobejamente conhecido. Elias convoca
450 dos profetas de Baal para um encontro no Monte Carmelo, onde fica
demonstrado quem é o verdadeiro Deus, Quem é que realmente detém Todo o Poder. Elias fez as coisas para que não restassem
dúvidas, para que a Glória de Deus fosse
conhecida (v. 36). O seu objectivo não era ser um profeta popular ou relevante
na sociedade. Ele pretendia que todos conhecessem que há um único caminho.
Apontava já para Cristo.
Elias implorou a interveção divina a fim de mostrar que o Senhor é Deus e ele
apenas um servo Seu (I Reis 18:36-37).
Muitas vezes, as nossas orações revelam o oposto. Invertemos os papeis.
Desejamos ser os senhores da nossa vida e “damos ” a Deus o papel de servo. Deus
é Senhor. Deus é Soberano. Nós somos seus servos.
Oxalá façamos nossas as palavras de Maria quando foi incumbida da missão de
ser mãe de Jesus: "Eis-me aqui
Senhor... Cumpra-se em mim a tua Palavra".
Voltemos, agora, a nossa atenção para I Reis 19:1-4. Aqui, encontramos
Elias com medo da terrível Jezabel. Não obstante já ter sentido, por diversas
vezes, a mão poderosa de Deus a agir em prol da sua segurança, Elias desanima
perante a ameaça de Jezabel. E, pensando não haver mais ninguém que cresse em
Deus (havia, porém, mais 7 mil pessoas), ele pede a sua morte a Deus.
Então, Deus revela-se... E fá-lo no momento mais difícil da vida de Elias.
Não é que não se tenha revelado antes... Revela-se é de uma forma convincente e
tocante, mostrando assim quem Ele é.
É no deserto que nós crescemos. É no deserto que somos polidos. É no
deserto que redefinimos o nosso foco. É no deserto que percebemos que a Graça
de Deus nos basta.
Elias entendeu isso e também
percebeu que Deus continuaria com ele e que ninguém iria destruir os seus
intentos.
“Se Deus é por nós quem será contra nós? Aquele que não poupou o Seu filho,
antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele
todas as coisas” (Romanos 8:31-32).
Vamos agora até ao capítulo 21...
O Rei Acab agrada-se de uma vinha localizada ao lado do seu palácio e
procura adquiri-la. A vinha é propriedade Nabot, que não a quer vender. Acab
partilha com a sua esposa, Jezabel, a sua tristeza por não ter concretizado seu
desejo de ter a vinha que tanto lhe agradava. Então, a maquiavélica Jezabel
começa a maquinar um plano a fim de obter a vinha. Levanta falsos testemunhos contra
Nabot, espalhando que este tinha amaldiçoado o Rei e a Deus, a quem ela própria
nunca temera.
Isto resulta no apedrejamento de Nabot. Jezabel apodera-se, então, da vinha de Nabot e
oferece-a ao marido. Este rejubila com o presente e nem se interessa em saber
como ela o conseguiu. Acab soube que Nabot tinha morrido, mas não se importou. Ou
seja, o seu único interesse eram as possessões e o poder que estas lhe davam...
Deus incumbe o profeta Elias de levar uma mensagem a Acab: ele e os seus
descendentes iriam perder a vida (I Reis
21:17-20).
Os versículos seguintes mostram que foi o Rei, que incitado pela sua mulher,
praticou imenso mal para com o Senhor. Ele era um homem que sabia a verdade, mas,
não a vivia na totalidade.
Porém, ao ouvir o profeta, ele reconhece os seus erros, humilha-se e
arrepende-se. Esta atitude agrada a Deus, que resolve não “enviar” a sua ira sobre
o povo durante o reinado de Acab. Manteve apenas uma parte da sentença: Acab morreria e os cães lamberiam o seu
sangue. (v. 27-29)
Acab morreu passados 3 anos, porque, mais uma vez, ouviu os falsos profetas
em vez de ouvir a Micaías, o profeta de Deus. Uma flecha perdida acaba por
matar o Rei e os cães lambem o seu sangue, tal como Deus dissera que
aconteceria.
Não há forma de enganarmos a Deus e de escaparmos ao Seu juízo.
O último acto de Elias como profeta foi com o Rei Acazias que substituiu
Acab, após a sua morte (II Reis 2:1-2)
O Rei Acazias sofre uma queda e manda consultar os profetas de deuses
estranhos... Deus ira-se por não ter
sido consultado, pois Deus é um Deus zeloso e não dispensa a Sua Glória a ninguém (Isaías 42:8).
Entretanto, encontram o profeta Elias que lhes diz que por causa da
consulta errada, morreriam. O Rei enfurece-se com o mensageiro e mando-o matar. Por duas vezes, mandou um oficial acompanhado de 50 soldados. Porém, ao chegarem junto de Elias, Deus mata-os.
Nota-se aqui uma grande diferença na atitude de Elias em relação a
episódios anteriores em que corria perigo de vida... Agora, já não tem medo.
Na terceira tentativa de o eliminar, o oficial enviado pelo rei reconhece
que Elias é um homem de Deus e, por causa disso, Deus poupa a sua vida e a dos
soldados (II Reis 1:15-16).
Entretanto, o tempo do profeta Elias na terra aproxima-se do fim. A escolha
do seu sucessor já tinha sido feita, tendo recaído sobre Eliseu.
Eliseu acompanhou Elias até ao fim- a sua ascensão ao céu num carro de fogo
até ao céu- e Deus concedeu a Eliseu o que ele desejava: o mesmo espírito
profético que Elias tivera. A verdade é que o teve e, por vezes, confunde-se a
vida de Elias com a de Eliseu, pois houve episódios muito parecidos...
Na vida de Elias, vemos 3 semelhanças com Cristo e 1 grande diferença:
- Ambos ressuscitaram o filho de uma viúva.
- Ascenderam ambos aos céus.
- Foram apoiados por anjos no momento mais difícil das suas vidas.
A grande diferença é que Elias desesperou perante a ameaça que pairava
sobre a sua vida, tendo-lhe faltado a confiança.
Jesus Cristo, mesmo estando plenamente consciente do o que ia acontecer, entregou-se
por nós, para que déssemos Glórias a Deus.
O profeta Elias apontava sempre para Cristo como sendo o único caminho para
Deus e Cristo (Actos 4:12). Apontou tanto para Cristo que, muitos anos mais
tarde, o confundiram com João Baptista, o precursor de Jesus.
Assim como a vida destas pessoas apontavam a Cristo, assim devem também apontar
as nossas. Somos a imagem de Cristo? Focamos o nosso viver nEle?
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